Caminhos da politica e da democracia


“Olha que eu vejo-me Grego para perceber o que estes políticos querem dizer e fazer afinal são todos iguais só querem  poder..."
A expressão ouvida enquanto vagueava numa manhã solarenga teve outra ressonância e deambulei mentalmente para a conjuntura internacional e as próximas eleições.
A expressão não podia ser mais oportuna, remetendo para quanto complexo e misterioso pode ser um mundo que não se entende e que se torna inacessível, um mundo politico que só suscita interesse na sua dimensão caricatural ou seja nos jogos partidários e escândalos que se diluem na verborreia das redes sociais
Ao nível europeu, então a situação ainda se revela mais complexa porque afinal a Europa para além de uma questão e crise de dinheiro (a famosa troika embora seja bizarro que tenham ido buscar uma palavra russa), também afinal é uma questão de valores tal como surge agora com a crise dos refugiados em que se preconiza o humanismo doméstico q.b.
Afinal a Europa, tal como na sua génese mitológica, de princesa grega seduzida e raptada por Zeus que segurou pelos cornos também representará uma construção sedutora e violenta, tal como já o foi para a própria  actual Grécia.
A Grécia agora a debater-se com complexidades politicas e financeiras, mais financeiras que politicas que questionam a organização dos nossos sistemas democráticos.
A sedução daquele movimento de democracia participativa com a organização de um referendo, mas que depois de esvaziou com o predomínio do poder representativo.
A possibilidade de intervenção directa das pessoas na tomada de decisão e controle do exercício do poder é com certeza mais responsabilizante do que a democracia representativa, usual na maioria dos países em que se delega nos representantes designados tal tomada de decisão.
Corre-se sempre o risco, neste segundo sistema de ficar refém das opções tomadas por tais representantes designados e legitimados naquele momento, dimensão que se esbate na democracia participativa em que os cidadãos legitimam e participam, de forma continua na tomada de decisão, controlando o exercício do poder.
Certo é que se posiciona como um sistema mais exigente que interpela o conjunto dos cidadãos com a sua responsabilidade, liberdade e capacidade de reflexão para participarem de forma activa nos processos de discussão e tomada de decisão, por exemplo, na gestão do dinheiro e recursos públicos.
Será sem dúvida um sistema em que se esbate o fosso e desencanto verificado entre sistemas políticos e a vida social em que realmente se entenderá que a sociedade  que pretendemos não se inscreve na aceitação ou não de quem nos representa mas na participação de escolhas responsáveis para a sociedade que pretendemos construir.


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