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A mostrar mensagens de 2014

As relações humanas e o Inferno das boas intenções.

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Numa repartição pardacenta e deprimente, onde o direito à privacidade soa como uma antinomia de serviço público, ouvia-se as vozes de autoritarismo  prepotente para quem a função é uma miríada de pequenos poderes exercidas sobre os outros tristemente dependentes e geralmente submissos as esses déspotas de pacotilha. “O senhor não cumpriu, beneficiou com esta medida para afinal, não cumprir a sua parte. Se fosse a si eu faria … bem ter que fazer mesmo  porque senão, eu vou ter que..” Cá estamos nós perante um dos muitos funcionários públicos a oscilar entre o papel de salvador ou de carrasco  que colocam o sujeito num lugar infantilizante e de dependência irresponsável, sem nunca lhe perguntar quais são realmente as suas escolhas e aspirações. O nosso salvador age sempre com as melhores das intenções. Está convencido que deve absolutamente fazer alguma coisa para salvar aquele indivíduo mesmo se tal individuo nada lhe pediu.  Tem tendência a pensar que o mundo e as

Somos o que comunicamos !?

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Vivemos numa sociedade bulímica de informação que nos chega demasiado depressa, sem deixar tempo de nos posicionar numa atitude reflexiva perante este outro mundo que nos chega por todos os lados. Temos acesso a tudo o que acontece no mundo a qualquer momento, testando os filtros da nossa inteligência e das nossas emoções. Tal excesso de informação acaba por não deixar espaço ao pensamento nem a uma comunicação responsável sobre essa mesma informação, ficando apenas uns barulhos ensurdecedores e cansativos que hoje vieram perturbar a minha corrida matinal : - Ouviste a notícia os jihadistas portugueses, ouvi dizer, já não me lembro onde parece que andam por aí a recrutá-los nas universidades...eles querem é gente ligada à química ... e engenharias...  - Olha que tenho o filho de um vizinho que tem umas coisas esquisitas tatuadas em árabe no braço...  Quando o barulho é demasiado ensurdecedor, é da nossa responsabilidade dizer basta e acabar com um ruído demasiado tóx

E se falássemos de sofrimento de trabalho, de autoridade e autoritarismo...

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Sentia-se como encurralado, esmagado simplesmente pela necessidade de continuar a viver.   Ansiava pelo descanso de uma noite bem dormida, do sabor dos prazeres simples da vida, do entusiasmo proporcionado pela satisfação das tarefas acabadas.  Os familiares e amigos falavam de esgotamento, o médico de família ousou a palavra depressão e a prescrição de uns antidepressivos que nem sequer chegou a comprar. Tudo se tornava tão penoso, ir trabalhar era um calvário, em que se sofria passivamente os pequenos autoritarismos dos superiores e de alguns colegas, pequenos terroristas e oportunistas que se posicionam em profissionais exemplares, com opiniões e recomendações sobre qualquer assunto ou problema. Tudo era constrangimento, enfado nas oito horas passadas a ouvir o ruído constante dos outros a maldizer, a falar altivamente das pessoas, do que tinham, do que queriam ter, do que iam fazer… Despejavam na promiscuidade coletiva, as dimensões mais prosaicas do dia-a-dia, não desc

Fale-me de mediação familiar:

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A mediação familiar é um processo que promove a comunicação construtiva, através de um profissional da comunicação e da gestão de conflitos, quando nas situações de conflito em que os desacordos induziram um beco sem saída relacional e falar se torna impossível. A mediação familiar é uma possibilidade de comunicação, de escuta de diálogo e de procura de soluções centradas na necessidade de continuar a ser pais e de gerir de forma partilhada e positiva as necessidades dos filhos. Esclarecer os seus próprios conflitos, estar mais apto a distanciar-se dos mesmos, é uma tarefa árdua em que é necessário renunciar às certezas, adoptar  uma  linguagem aceitável para o outro,  descobrir  outras formas de ser mais livre e responsável na relação a si próprio, na sua função enquanto pai e mãe que passa essencialmente pelo papel e pela importância do outro progenitor(a) na vida dos filhos. As sessões de mediação podem decorrer entre 1h30 e 2 horas. Por vezes são necessárias várias sessõ

Procura-se....

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P rocura-se e move-nos em outras dimensões que o envolvem: o amor, o ódio, os medos, as cobardias, todas as nossas escolhas e não escolhas...    Move o mundo... e contudo é uma palavra pouco utilizada, até pelos especialistas ou manipuladores da mente humana...   Ontem, dia 20 de junho, foi o dia mundial dos refugiados, ou seja o dia em que se apela a que seja reconhecida a realidade do drama de milhares de pessoas que não são reconhecidas na sua identidade e por isso mortas ou torturadas nos seus países de origem... É o próprio destes dia nacionais, mundiais, internacionais, reconhecer que algo está mal relativamente a uma determinada dimensão da sociedade ou do planeta...   E porém o que qualquer p essoa necessita, mesmo eu agora ou escrever estas palavras, é de reconhecimento, do olhar benevolente do outro para se inscrever no seu quotidiano, nas suas acções.  Em criança, somos avidamente dependentes do olhar dos pais para nos sustentar nos nossos processos de descober

O "nunca" e o "sempre", palavras a banir na comunicação

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Hoje, na mesa vizinha do café, ela, dona daquela elegância distante que não deixa ninguém indiferente já là estava, deixando transparecer a impaciência no martelar das teclas do tablet. Ele chegou, aparentemente descontraído, seguro, sorridente até cruzar o seu olhar: .. .Nunca me ouves ! ...É sempre a mesma coisa, não levas nada a sério....Chegas sempre atrasado, mesmo quando te digo que estou com pressa, tenho imensos compromissos inadiáveis.... não vale pena.... nunca vais mudar... O nunca e o sempre são predições limitadores... há menos que tenha uma bola de cristal, para definir, com tanta autoridade e certezas, o futuro de outra pessoa e restringi-lo a um juízo de valor pouco esclarecedor sobre as motivações e dificuldades do outro e principalmente de si mesmo.....E de fato lá continuou ela a acenar-lhe com recriminações acusatórias...das quais continuavam a ecoar " es sempre o mesmo egoísta..." As generalizações representam um obstáculo à qualid

A palavra e a génesis dos mal (entendidos)

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A Torre de Babel ou torre da confusão , m etáfora dos desajeitados comunicacionais que somos todos nós: A torre de Babel (pintura flamenga de Pieter Brueghel S.XVI): porque a falar é que a gente se entende ou se desentende nos ditos, nos não  ditos, no que se pensa ter dito ou calado. Isto de comunicação até começou bem. Parece que houve um tempo em que falávamos todos a mesma língua, la para os lados da Mesopotâmia.  A Bíblia fala de um tempo, em que toda a gente se entendia:" Em toda a Terra, havia somente uma língua, e empregavam-se as mesmas palavras. " (Genesis 11:1). Até que, Nimrod, um ambicioso descendente de Noé quis edificar uma torre cujo cume chegasse até ao céu.  Deus considerou tal construção uma afronta, confundiu a linguagem e espalhou os seus construtores por toda a terra.  Os homens deixaram, por castigo divino, então de se entender! A comunicação entre os homens sempre terá representado uma ameaça aos poderes instituídos, talvez porque tal como na me