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Justina e as crianças mal entendidas

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Justina e as crianças mal-entendidas Era uma vez uma juíza com um nome predestinado, chamava-se Justina. Já não era nova, nem era muito velha, embora de longe, à custa de enérgicas caminhadas e de muitos cremes, mantivesse um corpo e um rosto de jovem. Com os anos, Justina ficava cada vez mais pensativa e e cada vez mais preferia ouvir cada vez mais as pessoas em vez de sentenciar e julgar. Ao longo dos anos, as suas diligências demoravam cada vez mais e sabia que tinha ganho fama de ser vagarosa. Mas também era do seu gabinete que as pessoas saiam menos tristes e um pouco menos zangadas e por isso Justina sentia-se cada vez mais útil. Nos últimos anos, Justina estava a trabalhar num Tribunal de Família e Menores. Era ainda assim que se designava tal como quando tinha sido criado, há mais de meia século num tempo em que a família, tal como tinham vivido os seus pais, prevalecia enquanto valor sobre os tais menores. Era de família porque naquela época só era reconhecido
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O Bom e Mau juiz Sou mais viajante  do que turista, gosto dos lugares que convidam à reflexão, à cultura, à lentidão. Gosto de lugares que nos interrogam, que nos obrigam a pousar-nos no tempo. Não é necessário ir para além fronteiras para qualquer ilha distante para usufruir deste luxo que nos permite afastar-nos desta lufa lufa da informatização, industrialização, consumismo, do rebuliço da (des) informação desenfreada sobre tudo e mais alguma coisa. A complexidade das sociedades e da inventividade humana é difícil de acompanhar e os momentos de distanciamento, o reencontro com o silêncio são essenciais para preservar algum espaço de reflexão interna e reencontrarmo-nos face às nossas apreensões, aspirações nesta sociedade sempre em movimento. Neste mundo em constante mudança, há dilemas antigos que atravessam os séculos e que permanecem inalterados, subsistindo nas danças profundas de transformação das sociedades. Foi o que me suscitou a descoberta do fresco sobre a al

Caminhos da politica e da democracia

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“Olha que eu vejo-me Grego para perceber o que estes políticos querem dizer e fazer afinal são todos iguais só querem  poder..." A expressão ouvida enquanto vagueava numa manhã solarenga teve outra ressonância e deambulei mentalmente para a conjuntura internacional e as próximas eleições. A expressão não podia ser mais oportuna, remetendo para quanto complexo e misterioso pode ser um mundo que não se entende e que se torna inacessível, um mundo politico que só suscita interesse na sua dimensão caricatural ou seja nos jogos partidários e escândalos que se diluem na verborreia das redes sociais .  Ao  nível  europeu, então a situação ainda se revela mais complexa porque afinal a Europa para além de uma questão e crise de dinheiro (a famosa troika embora seja bizarro que tenham ido buscar uma palavra russa), também afinal é uma questão de valores tal como surge agora com a crise dos refugiados em que se preconiza o humanismo doméstico q.b. Afinal a Europa, tal como na sua

As relações humanas e o Inferno das boas intenções.

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Numa repartição pardacenta e deprimente, onde o direito à privacidade soa como uma antinomia de serviço público, ouvia-se as vozes de autoritarismo  prepotente para quem a função é uma miríada de pequenos poderes exercidas sobre os outros tristemente dependentes e geralmente submissos as esses déspotas de pacotilha. “O senhor não cumpriu, beneficiou com esta medida para afinal, não cumprir a sua parte. Se fosse a si eu faria … bem ter que fazer mesmo  porque senão, eu vou ter que..” Cá estamos nós perante um dos muitos funcionários públicos a oscilar entre o papel de salvador ou de carrasco  que colocam o sujeito num lugar infantilizante e de dependência irresponsável, sem nunca lhe perguntar quais são realmente as suas escolhas e aspirações. O nosso salvador age sempre com as melhores das intenções. Está convencido que deve absolutamente fazer alguma coisa para salvar aquele indivíduo mesmo se tal individuo nada lhe pediu.  Tem tendência a pensar que o mundo e as

Somos o que comunicamos !?

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Vivemos numa sociedade bulímica de informação que nos chega demasiado depressa, sem deixar tempo de nos posicionar numa atitude reflexiva perante este outro mundo que nos chega por todos os lados. Temos acesso a tudo o que acontece no mundo a qualquer momento, testando os filtros da nossa inteligência e das nossas emoções. Tal excesso de informação acaba por não deixar espaço ao pensamento nem a uma comunicação responsável sobre essa mesma informação, ficando apenas uns barulhos ensurdecedores e cansativos que hoje vieram perturbar a minha corrida matinal : - Ouviste a notícia os jihadistas portugueses, ouvi dizer, já não me lembro onde parece que andam por aí a recrutá-los nas universidades...eles querem é gente ligada à química ... e engenharias...  - Olha que tenho o filho de um vizinho que tem umas coisas esquisitas tatuadas em árabe no braço...  Quando o barulho é demasiado ensurdecedor, é da nossa responsabilidade dizer basta e acabar com um ruído demasiado tóx

E se falássemos de sofrimento de trabalho, de autoridade e autoritarismo...

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Sentia-se como encurralado, esmagado simplesmente pela necessidade de continuar a viver.   Ansiava pelo descanso de uma noite bem dormida, do sabor dos prazeres simples da vida, do entusiasmo proporcionado pela satisfação das tarefas acabadas.  Os familiares e amigos falavam de esgotamento, o médico de família ousou a palavra depressão e a prescrição de uns antidepressivos que nem sequer chegou a comprar. Tudo se tornava tão penoso, ir trabalhar era um calvário, em que se sofria passivamente os pequenos autoritarismos dos superiores e de alguns colegas, pequenos terroristas e oportunistas que se posicionam em profissionais exemplares, com opiniões e recomendações sobre qualquer assunto ou problema. Tudo era constrangimento, enfado nas oito horas passadas a ouvir o ruído constante dos outros a maldizer, a falar altivamente das pessoas, do que tinham, do que queriam ter, do que iam fazer… Despejavam na promiscuidade coletiva, as dimensões mais prosaicas do dia-a-dia, não desc

Fale-me de mediação familiar:

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A mediação familiar é um processo que promove a comunicação construtiva, através de um profissional da comunicação e da gestão de conflitos, quando nas situações de conflito em que os desacordos induziram um beco sem saída relacional e falar se torna impossível. A mediação familiar é uma possibilidade de comunicação, de escuta de diálogo e de procura de soluções centradas na necessidade de continuar a ser pais e de gerir de forma partilhada e positiva as necessidades dos filhos. Esclarecer os seus próprios conflitos, estar mais apto a distanciar-se dos mesmos, é uma tarefa árdua em que é necessário renunciar às certezas, adoptar  uma  linguagem aceitável para o outro,  descobrir  outras formas de ser mais livre e responsável na relação a si próprio, na sua função enquanto pai e mãe que passa essencialmente pelo papel e pela importância do outro progenitor(a) na vida dos filhos. As sessões de mediação podem decorrer entre 1h30 e 2 horas. Por vezes são necessárias várias sessõ