O "nunca" e o "sempre", palavras a banir na comunicação


Hoje, na mesa vizinha do café, ela, dona daquela elegância distante que não deixa ninguém indiferente já là estava, deixando transparecer a impaciência no martelar das teclas do tablet.

Ele chegou, aparentemente descontraído, seguro, sorridente até cruzar o seu olhar:

...Nunca me ouves ! ...É sempre a mesma coisa, não levas nada a sério....Chegas sempre atrasado, mesmo quando te digo que estou com pressa, tenho imensos compromissos inadiáveis.... não vale pena.... nunca vais mudar...

O nunca e o sempre são predições limitadores... há menos que tenha uma bola de cristal, para definir, com tanta autoridade e certezas, o futuro de outra pessoa e restringi-lo a um juízo de valor pouco esclarecedor sobre as motivações e dificuldades do outro e principalmente de si mesmo.....E de fato lá continuou ela a acenar-lhe com recriminações acusatórias...das quais continuavam a ecoar " es sempre o mesmo egoísta..."


As generalizações representam um obstáculo à qualidade comunicacional e na relação. Citar acções especificas e  as suas preocupações  torna mais aceitável e construtiva a comunicação com o seu interlocutor...

 O diálogo entre este casal poderia ter decorrido assim:

"...estou à espera, desde as 9h30, são 10h, já espero há meia hora... tive que adiar... A semana passada, na sexta feira, aconteceu a mesma situação... é constrangedor para mim e sinto que não tens em conta estas minhas preocupações..."

Banir palavras que apenas encurralam em nada favorece a comunicação e induz uma escalada para o conflito desgastante e que empobrece as relações.




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